terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Princesas do Mal

Dessa vez nosso "Outra Face" traz literalmente a "outra face" das princesas e garotinhas da Disney. Jeffrey Thomas é um artista americano que resolveu dar "cara nova" para essas personagens, fazendo com que elas ficassem bem macabras, bem ao estilo que nós, do Malvadas, gostaríamos que elas fossem!

Confira alguns dos trabalhos da série chamada "Twisted Princess".












Confira os outros trabalhos do artista em seu blog: The Art of Jeffrey Thomas

Maria Mariana polemiza com mães


Nacionalmente conhecida aos 19 anos pela autoria da peça "Confissões de Adolescente" – que ficou em cartaz por dez anos, virou livro com 200 mil exemplares vendidos e série de TV dirigida por Daniel Filho – Maria Mariana decidiu se casar, trocar o Rio por uma cidade pequena, ter quatro filhos e abandonar a carreira por dez anos para se dedicar à família.

Aos 36, agora que sua filha mais velha tem 9 anos, Maria Mariana está de volta. Ela lança o livro "Confissões de Mãe", uma reedição de "Confissões de Adolescente, que será remontado no teatro até o final do ano, e foi contratada como roteirista da Record.

Em "Confissões de Mãe", expõe opiniões polêmicas, de forma contundente, a respeito da maternidade, que, aliada ao casamento – o tradicional – são a única forma de obter uma felicidade verdadeira, em sua opinião. Quem escolhe ser solteiro e não ter filhos, acredita, "está fugindo por medo".

Nas suas novas "Confissões", Maria Mariana confessa muito mais: diz acreditar que só tem filho por parto normal as mulheres que "merecem" e que eventuais dificuldades para amamentar o bebê surgem para quem não estão dando "o devido valor a seu lugar de mãe".

"Eu sei que o assunto é polêmico, e minha editora até me perguntou se estou preparada para ser crucificada. Mas é o que eu penso", fala ela, que fez cesariana na primeira filha e parto normal nos outros três.

A autora afirma esperar que "as mulheres não se sintam julgadas". ""Confissões de Adolescente" surgiu a partir do meu diário, com minhas impressões. Já "Confissões de Mãe" foi muito pensado, escrito durante anos. Tentei falar da maternidade sem me colocar como dona da verdade nem agredir mães que pensem diferente."

Mas admite que quis "colocar o dedo em algumas feridas, até porque muitas mulheres têm pouca consciência da importância de ser mãe". "A partir do movimento feminista, sofremos uma pressão para ser ativa no mercado de trabalho, ter valores masculinos. E a realidade da maternidade é outra, é querer vivenciar essa experiência."

Maria Mariana é casada com um cardiologista e homeopata de 52 anos. Ela o conheceu em um curso de meditação há dez anos, quando estava "na geladeira" da Globo, após trabalhar como roteirista da "Malhação". Um mês depois, estava grávida. "Não foi sem querer. Precisava ser mãe. Quando compreendi a grandeza da maternidade, decidi parar de trabalhar."

Depois de Clara, 9, foi "uma barriga atrás da outra": Laura, 7, Gabriel, 5, e Isabel, 2.

Eram tantos afazeres que só sobrava tempo para a profissão de mãe. "Esse livro é uma prova de que não perdi tempo nenhum. Ao contrário, ganhei maturidade, autoestima e volto para o trabalho com uma nova energia."

Outra Face - Estranho tesão por mulheres malvadas

Já assistiram aquele filme "FEMME FATALE" (Fêmea Fatal) com Antonio Banderas. Que a personagem REBECCA ROMIJN- STAMOS, é sexy e deliciosamente cruel, o tipo de mulher que desperta sentimentos fortes.A melhor cena: os homens brigando no ar e ela olhando tudo excitadíssima, olhos brilhando, se deliciando no duelo dos machos por ela, verdadeira deusa primitiva esperando seu sacrifício de sangue.

Segundo a Wikipédia:
Uma mulher fatal (ou femme fatale, em francês) é um estereótipo feminino usado muito em literatura e cinema do gênero policial e no drama europeu. A mulher fatal geralmente seduz e engana o herói e outros homens para obter algo que eles não dariam livremente.
Apesar de ser tipicamente uma vilã, a femme fatale também pode ser uma anti-heroína em determinadas histórias, e às vezes até se arrependem e se tornam heroínas no final das contas. Hoje, o arquétipo é geralmente visto como um personagem que constantemente atravessa a linha entre o bem e o mal, agindo inescrupulosamente a despeito de normas sociais e quaisquer compromissos abertos que tenha com o herói.
Na vida social, a femme fatale tortura seu parceiro numa relação assimétrica, negando confirmação de seu afeto, e muito menos o contrário, até o ponto em que o homem se torna obcecado, viciado e exausto, e incapaz de tomar decisões racionais ou gerenciar sua própria vida pessoal.

E o Mr.Jones aqui confessa que sente atração por mulheres MALVADAS, DOMINADORAS E EXIBICIONISTAS.
Antes que pensem bobagens, quando eu me refiro que tenho atração por mulheres malvadas, não vão pensar que são as assassinas.

Quem vai me encostar na parede.

E voltando ao assunto. Sim, confesso, eu sinto tesão por uma fêmea fatal como a Mata Hari, nome artístico de Margaretha Geertruida Zell, (Leeuwarden, 7 de agosto de 1876 — Vincennes, 15 de outubro de 1917) foi uma dançarina exótica dos Países Baixos que foi acusada, condenada e executada a tiros por espionagem durante a Primeira Guerra Mundial.

Uma vilã que também me atrai é a MULHER GATO. mas ela não existe e, se existisse, ia amar ser um prisioneiro dela.
Prestem atenção. O tesão não significa que concordo com suas ações ou que acho que são recomendáveis, bem ao contrário. Meu tesão é por esse arquétipo (aliás, mais velho que andar pra frente) da femme fatale, da mulher má, da diva egoísta.

Sou fã da LUCRECIA BÓRGIA, e la é pioneira na arte da conquista, dominação e fetiche.

Se tivesse que fazer uma seleção de personagens malvadas que eu levaria para cama, estariam na lista:

DALILA: malvada, nem deusa, nem árabe, apenas uma traidora. ficou famosa por trair Sansão apenas por despeito. Sansão, herói bíblico, era conhecido por sua força excepcional, apaixonou-se pela irmã de Dalila, Semadar, que foi dada a outro homem. Sansão fica revoltado e sai barbarizando, além de desprezar Dalila que caia de amores por ele. Um belo dia, alguém mata Semadar para vingar-se dos prejuízos que o herói desprezado anda causando. Sansão jura vingança e a partir daí causa uma guerra sem fim até que ele se descobre apaixonado por Dalila que é procurada pelo chefe dos filisteus e convencida a descobrir o segredo de sua força. Somente por vingança ela aceita e corta os cabelos do herói.

Morgana (Ciclo Arturiano) A mais famosa feiticeira da literatura ocidental . Bonita, inteligente e talentosa. Morgana abandonava os seus amantes infiéis.Morgana era a contrapartida feminina do mago Merlin. Ela foi considerada libertina e atrevida ao se tornar infiel.

Circe - A Odisséia, de Homero- a feiticeira impiedosa. Filha da deusa Hécate, era capaz de criar filtros e venenos que transformavam homens em animais. Por esse motivo morava num palácio encantado, cercado por lobos e leões (seres humanos enfeitiçados).

Lilith - Tradição hebráica: Existem muitas outras histórias sobre Lilith. Dizem que ela significa a outra ou o outro num triângulo amoroso. Para os assírios, era considerada um demônio. Alguns estudiosos dizem que ela era a mulher de Samuel, da qual surgiram as imagens de Adão e Eva. No Zohar também é assimilada como a rainha dos demônios que incitava os homens. Na Kabala, pode corresponder ao 10º sefiroh, Malkuth, que reina no submundo e na escuridão, incapaz de contatar com Deus, sempre sujeita a tentações e frustrações.

Texto reproduzido com autorização de Diego Jr. O texto original pode ser encontrado no blog Ultrapassando Barreiras. Dá uma passadinha lá!

Outra Face - Malleus Malleficarum - O Martelo das Feiticeiras

O Malleus Malleficarum, escrito pelos inquisidores Heinrich Kramer e James Sprenger em 1484 foi, durante quatro séculos, manual oficial da Inquisição para a caça às bruxas. Milhares de mulheres foram torturadas e mortas segundo suas instruções, num dos episódios mais sangrentos da história. E, como não poderia deixar de ser, num documento dedicado a "explicar" como e por que as mulheres pactuavam com o demônio existem, também, algumas passagens dedicadas à maldade feminina, segundo a concepção dos autores e suas fontes. Nós selecionamos algumas das mais ilustrativas.

"Da perversidade das mulheres fala-se no Eclesiástico, 25: "Não há veneno pior que o das serpentes; não há cólera que vença a da mulher. É melhor viver com um leão e um dragão que morar com uma mulher maldosa." E entre o muito que, nessa passagem escriturística se diz da malícia da mulher, há uma conclusão: "Toda malícia é leve, comparada com a malícia de uma mulher." Pelo que S. João Crisóstomo comenta sobre a passagem "É melhor não se casar" (Mateus,19): "Que há de ser uma mulher senão uma adversária da amizade, um castigo inevitável, um mal necessário, uma tentação natural, uma calamidade desejável, um perigo doméstico, um deleite nocivo, um mal da natureza, pitado de lindas cores. Portanto, sendo pecado dela divorciar-se, conviver com ela passa a ser uma tortura necessária: ou cometemos o adultério, repudiando-a, ou somos obrigados a suportar as brigas diárias." Diz Cícero no segundo livro da sua Retórica: "A lasciva multímoda dos homens leva-os a um só pecado, mas a lascívia unívocadas mulheres as conduz a todos os pecados; pois que a raiz de todos os vícios da mulher é a cobiça." E Sêneca no seu Tragédias: "A mulher ou ama ou odeia. Não há meio-termo. E as suas lágrimas são falazes, porque ou brotam de verdadeiro pesar, ou não passam de embuste. A mulher que solitária meditano mal.""

(...)

"E a respeito de sua outra qualidade mental, qual seja, a sua vontade natural, cumpre dizer que, ao odiar alguém que antes amava, passa a agitar com ira a impaciência toda a sua alma, exatamente como a força da maré a ondular e a agitar os mares. Muitas autoridades fazem alusão a essa causa. Eclesiástico, 25: "Não há cólera que vençaa da mulher." E Sêneca (Tragédias, VIII): "Nem labaredas sinistras, nem ventos assoladores, nem armas mortíferas: nada há de mais temível que a lascívia e o ódio de uma mulher repudiada do leito matrimonial.""

(...)

"(...) Vemos sobre ponto o que diz o Eclesiástico, 37: "Não vás consultar uma mulher sobre sua rival." Querendo dizer com isso ser inútil consultá-la, porque sempre haverá ciúme, ou seja, inveja, na mulher perversa. E se entre si assim se comportam as mulheres, muito pior será com relação aos homens".

(...)

"S. Jerônimo, escrevendo sobre Daniel, conta=nos a história de Laodicéia, esposa de Antióquio, rei da Síria; enciumada, e para que seu esposo não amasse a Berenice, sua outra mulher, mais do que a si mesma, fez com que, primeiro, ele, Antióquio, assassinasse Berenice e sua filha para, depois, se envenear. E por quê? Porque não conseguindo refrear-se, acabou cedendo a seus próprios impulsos. Portanto, diz-nos S. João Crisóstomo, não sem razão: "Ó! Mal pior que todos os males, o da mulher perversa, seja rica ou seja pobre. Pois se é muler de um homem rico, não cessa noite e dia, de excitá-lo com picardias, usando de adulações maléficas, de importunações violentas. Mas se é mulher de homem pobre, não cessa de instigá-lo ao ódio e à briga. E se é uma viúva, aonde vai fica a desprezar a todos, inflamada em sua astúcia pelo espírito do orgulho.""

"Se perquirirmos devidamente vamos descobrir que quase todos os reinos do mundo foram derrubados por mulheres. Tróia, cidade próspera, foi, pelo rapto de uma mulher, Helena, destruída e, assim, assassinados milhares de gregos. O reino dos judeus padeceu de muitos flagelos e de muita destruição por causa de Jezebel, a maldita, e de sua filha Atália, rainha de Judá, que causou a morte dos filhos de seu filho para que pudesse reinar; e cada um deles foi assassinado. O império romano sofreu penosamente nas mãos de Cleópatra, a Rainha do Egito, a pior de todas as mulheres. E assim com muitas outras. Portanto, não admira que hoje o mundo padeça em sofrimento pela malícia das mulheres."

Malleus Malleficarum, Questão VI: Sobre as Bruxas que copulam com Demônios / Por que principalmente as Mulheres se entregam às Superstições Diabólicas, Páginas 112 a 119; 10ª Edição; Editora Rosa dos Tempos.

Outra Face - Branca de Neve




Um dia, a rainha de um reino bem distante bordava perto da janela do castelo, uma grande janela com batentes de ébano, uma madeira escuríssima. Era inverno e nevava muito forte.
A certa altura, a rainha desviou o olhar para admirar os flocos de neve que dançavam no ar; mas com isso se distraiu e furou o dedo com a agulha.
Na neve que tinha caído no beiral da janela pingaram três gotinhas de sangue. O contraste foi tão lindo que a rainha murmurou:
— Pudesse eu ter uma menina branquinha como a neve, corada como sangue e com os cabelos negros como o ébano…
Alguns meses depois, o desejo da rainha foi atendido.
Ela deu à luz uma menina de cabelos bem pretos, pele branca e face rosada. O nome dado à princesinha foi Branca de Neve.
Mas quando nasceu a menina, a rainha morreu. Passado um ano, o rei se casou novamente. Sua esposa era lindíssima, mas muito vaidosa, invejosa e cruel.
Um certo feiticeiro lhe dera um espelho mágico, ao qual todos os dias ela perguntava, com vaidade:
— Espelho, espelho meu, diga-me se há no mundo mulher mais bela do que eu.
E o espelho respondia:
— Em todo o mundo, minha querida rainha, não existe beleza maior.
O tempo passou. Branca de Neve cresceu, a cada ano mais linda…
E um dia o espelho deu outra resposta à rainha.
— A sua enteada, Branca de Neve, é agora a mais bela.
Invejosa e ciumenta, a rainha chamou um de seus guardas e lhe ordenou que levasse a enteada para a mata e lá a matasse. E que trouxesse o coração de Branca de Neve, como prova de que a missão fora cumprida.
O guarda obedeceu. Mas, quando chegou à mata, não teve coragem de enfiar a faca naquela lindíssima jovem inocente que, afinal, nunca fizera mal a ninguém.
Deixou-a fugir. Para enganar a rainha, matou um veadinho, tirou o coração e entregou-o a ela, que quase explodiu de alegria e satisfação.
Enquanto isso, Branca de Neve fugia, penetrando cada vez mais na mata, ansiosa por se distanciar da madrasta e da morte.
Os animais chegavam bem perto, sem a atacar; os galhos das árvores se abriam para que ela passasse.
Ao anoitecer, quando já não se agüentava mais em pé de tanto cansaço, Branca de Neve viu numa clareira uma casa bem pequena e entrou para descansar um pouquinho.
Olhou em volta e ficou admirada: havia uma mesinha posta com minúsculos sete pratinhos, sete copinhos, sete colherezinhas e sete garfinhos. No cômodo superior estavam alinhadas sete caminhas, com cobertas muito brancas.
Branca de Neve estava com fome e sede. Experimentou, então uma colher da sopa de cada pratinho, tomou um gole do vinho de cada copinho e deitou-se em cada caminha, até encontrar a mais confortável. Nela se ajeitou e dormiu profundamente.
Os donos da casa voltaram tarde da noite; eram sete anões que trabalhavam numa mina de diamantes, dentro da montanha.
Logo que entraram, viram que faltava um pouco de sopa nos pratos, que os copos não estavam cheios de vinho…Estranho.
Lá em cima, nas camas, as cobertas estavam mexidas…E na última cama — surpresa maior! — estava adormecida uma linda donzela de cabelos pretos, pele branca como a neve e face vermelha como o sangue.
— Como é linda! — murmuraram em coro.
— E como deve estar cansada — disse um deles —, já que dorme assim.
Decidiram não incomodar; o anão dono da caminha onde dormia a donzela passaria a noite numa poltrona.
Na manhã seguinte, quando despertou, Branca de Neve se viu cercada pelos sete anões barbudinhos e se assustou. Mas eles logo a acalmaram, dizendo-lhe que era muito bem-vinda.
— Como se chama? — perguntaram.
— Branca de Neve.
— Mas como você chegou até aqui, tão longe, no coração da floresta?
Branca de Neve contou tudo. Falou da crueldade da madrasta, da sua ordem para matá-la, da piedade do caçador que a deixara fugir, desobedecendo à rainha, e de sua caminhada pela mata até encontrar aquela casinha.
— Fique aqui, se gostar… — propôs o anão mais velho.
— Você poderia cuidar da casa, enquanto nós estamos na mina, trabalhando. Mas tome cuidado enquanto estiver sozinha. Cedo ou tarde, sua madrasta descobrirá onde você está, e se ela a encontrar… Não deixe que ninguém entre! É mais seguro.
Assim começou uma vida nova para Branca de Neve, uma vida de trabalho.
E a madrasta? Estava feliz, convencida de que beleza de mulher alguma superava a sua.
Mas, um dia, teve por acaso a idéia de interrogar o espelho mágico:
— Espelho, espelho meu, diga-me se há no mundo mulher mais bela do que eu.
E o espelho respondeu com voz grave:
— Na mata, na casa dos mineiros, querida rainha, está Branca de Neve, mais bela que nunca!
A rainha entendeu que tinha sido enganada pelo guarda: Branca de Neve ainda vivia! Resolveu agir por si mesma, para que não houvesse no mundo inteiro mulher mais linda do que ela.
Pintou o rosto, colocou um lenço na cabeça e irreconhecível, disfarçada de velha mercadora, procurou pela mata a casinha dos anões. Quando achou, bateu à porta e Branca de Neve, ingenuamente, foi atender.
A malvada ofereceu-lhe suas mercadorias, e a princesa apreciou um lindo cinto colorido.
— Deixe-me ajudá-la a experimentar o cinto. Você ficará com uma cintura fininha, fininha — disse a falsa vendedora, com uma risada irônica e estridente, apertando cada vez mais o cinto.
E apertou tanto, tanto, que Branca de Neve se sentiu sufocada e desmaiou, caindo como morta. A madrasta fugiu.
Pouco depois, chegaram os anões. Assustaram-se ao ver Branca de Neve estirada e imóvel.
O anão mais jovem percebeu o cinto apertado demais e imediatamente o cortou. Branca de Neve voltou a respirar e a cor, aos poucos, começou a voltar a sua face; melhorou e pôde contar o ocorrido.
— Aquela velha vendedora ambulante era a rainha disfarçada — disseram logo os anões.
— Você não deveria tê-la deixado entrar. Agora, seja mais prudente.
Enquanto isso, a perversa rainha, já no castelo, consultava o espelho mágico e se surpreendeu ao ouvi-lo dizer:
— No bosque, na casa dos anões, minha querida rainha, há Branca de Neve, mais bela que nunca.
Seu plano fracassara! Tentaria novamente.
No dia seguinte, Branca de Neve viu chegar uma camponesa de aspecto gentil, que lhe colocou na janela uma apetitosa maçã, sem dizer nada, apenas sorrindo um sorriso desdentado. A princesinha nem suspeitou de que se tratava da madrasta, numa segunda tentativa.
Branca de Neve, ingênua e gulosa, mordeu a maçã. Antes de engolir a primeira mordida, caiu imóvel.
Dessa vez, devia estar morta, pois o socorro dado pelos anões, quando regressaram da mina, nada resolveu.
Não acharam cinto apertado, nem ferimento algum, apenas o corpo caído.
Branca de Neve parecia dormir; estava tão linda que os bons anõezinhos não quiseram enterrá-la.
— Vamos construir um caixão de cristal para a nossa Branca de Neve, assim poderemos admirá-la sempre.
O esquife de cristal foi construído e levado ao topo da montanha. Na tampa, em dourado, escreveram: “Branca de Neve, filha de rei”.
Os anões guardavam o caixão dia e noite, e também os animaizinhos da mata – veadinhos, esquilos e lebres —todos choravam por Branca de Neve.
Lá no castelo, a malvada rainha interrogava o espelho mágico:
— Espelho, espelho meu, diga-me se há no mundo mulher mais bela do que eu.
A resposta era invariável.
— Em todo o mundo, não existe beleza maior.
Branca de Neve parecia dormir no caixão de cristal; o rosto branco como a neve e de lábios vermelho como sangue, emoldurado pelos cabelos negros como ébano. Continuava tão linda como enquanto vivia.
Um dia, um jovem príncipe que caçava por ali passou no topo da montanha.
Bastou ver o corpo de Branca de Neve para se apaixonar, apesar de a donzela estar morta. Pediu permissão aos anões para levar consigo o caixão de cristal. Havia tanta paixão, tanta dor e tanto desespero na voz do príncipe, que os anões ficaram comovidos e consentiram.
— Está bem. Nós o ajudaremos a transportá-la para o vale. A donzela Branca de Neve será sua.
Com o caixão nas costas, puseram-se a caminho.
Enquanto desciam por um caminho íngreme, um anão tropeçou numa pedra e quase caiu. Reequilibrou-se a tempo.
O abalo do caixão, porém, fez com que o pedaço da maçã envenenada, que Branca de Neve trazia ainda na boca, caísse. Assim a donzela se reanimou. Abrindo os olhos e suspirando se sentou e, admirada, quis saber:
— O que aconteceu? Onde estou?
O príncipe e os anões, felizes, explicaram tudo.
O príncipe declarou-se a Branca de Neve e pediu-a em casamento. Branca de Neve aceitou, felicíssima.
Foram para o palácio real, onde toda a corte os recebeu.
Foram distribuídos os convites para a cerimônia nupcial. Entre os convidados estava a rainha madrasta — mas ela mal sabia que a noiva era sua enteada. Vestiu-se a megera suntuosamente, pôs muitas jóias e, antes de sair, interrogou o espelho mágico:
— Espelho, espelho meu, diga-me se há no mundo mulher mais bela do que eu.
E o fiel espelho:
— No seu reino, a mais bela é você; mas a noiva Branca de Neve é a mais bela do mundo.
Louca de raiva, a rainha saiu apressada para a cerimônia. Lá chegando, ao ver Branca de Neve, sofreu um ataque: o coração explodiu e o corpo estourou, tamanha era sua ira.
Mas os festejos não cessaram um só instante. E os anões, convidados de honra, comeram, cantaram e dançaram três dias e três noites. Depois, retornaram para sua casinha e sua mina, no coração da mata.

Fonte
Alfabetização : livro do aluno / Ana Rosa Abreu ... [et al.] Brasília : FUNDESCOLA/SEF-MEC, 2000. 3 v. : 128 p. n. 2.
Conteúdo: v.1: Adivinhas, canções, cantigas, parlendas, poemas, quadrinhas e trava-línguas; v.2: contos, fábula, lendas e mitos; v.3: textos informativos, textos instrucionais e biografias. 1. Alfabetização. 2. Ensino fundamental. 3. Escola pública. I. Abreu, Ana Rosa II. Aratangy, Claudia Rosenberg III. Mingues, Eliane IV. Dias, Marilia Costa V. Durante, Marta VI. Weisz, Telma VII. FUNDESCOLA VIII. MEC-SEF.
CDD 379.24
© 2000 Projeto Nordeste/Fundescola/Secretaria de Ensino Fundamental
Qualquer parte desta obra poderá ser reproduzida desde que citada a fonte.


Nós achamos a Branca de Neve bem burrinha, como já colocamos num Black N' Orange, mas o conto foi escrito homens (Irmãos Grimm)... então... está aqui em homenagem às crianças...

Outra Face - Meninas Malvadas - Pedolatria, Podolatria, BDSM, Dominação (Alex Castro)

Obs.: Para ver as imagens citadas, dê um pulinho no site do autor. O link está no final da postagem.

Nota do Autor: Matéria da AP, reproduzida pelo Estadão, cortesia do homem azul:

Meninas já sabem ser malvadas aos 3 anos, diz estudo

A pesquisa mostrou que existem sistemas de status e hierarquia social mesmo na pré-escola

Salt Lake City, EUA - A maldade das meninas pode começar quando elas ainda estão na pré-escola, mostra estudo da Universidade Brigham Young, nos EUA.

O trabalho descobriu que garotas de 3 ou 4 anos já sabem usar manipulação e pressão social para conseguir o que querem. "Pode ir desde dizer para as amiguinhas não brincarem com outra menina a ameaçar não convidar alguém para uma festinha de aniversário", disse Craig Hart, um dos co-autores do estudo.

As chamadas "meninas más" valem-se regularmente da exclusão e de ameaças de "ficar de mal" quando não conseguem o que querem das outras.

Essas "malvadas" são muito admiradas por alguns colegas e destestadas por outros. Têm grande habilidade social e popularidade, mas sabem ser manipuladoras ou subversivas, se necessário. Este estudo é o primeiro a relacionar esse tipo de comportamento - mais associado a adolescentes, e conhecido como "agressão relacional" - a crianças de idade pré-escolar.

A pesquisa mostrou que existem sistemas de status e hierarquia social mesmo na pré-escola. Outro estudo da Universidade Brigham Young mostrou que as crianças mais propensas à agressão física ou relacional têm maior probablidade de ter pais que usam manipulação psicológica e frieza emocional como formas de impor a disciplina.

Os leitores habituais do LLL sabem que mulheres malvadas são o grande tesão da minha vida. Parece até que virei expert sobre o assunto.

Uma revista já me entrevistou sobre o assunto e até mesmo uma atriz global já entrou em contato comigo para trocar umas idéias sobre a composição da vilã que interpretaria. Infelizmente, o nome ela não deixou eu revelar de jeito nenhum.

Qualquer um que já foi adolescente sabe que as mulheres nunca são tão más, manipulativas e egoístas quanto nessa idade. Ainda livres de restraints culturais e morais, as nossas doces filhas, sobrinhas e afilhadas fazem coisas de deixar em pé os cabelos da madrasta má.

Naturalmente, quando eu digo que amo as mulheres malvadas, estou falando de fantasia. Meu tesão por mulheres perversas, diabólicas e falsas é inversamente proporcional à minha vontade de ter um monstro desses em minha vida.

A figura da femme fatale é muito comum na tradição ocidental. Além de ser absurdamente sexy e de me levar quase à loucura, a femme fatale tradicional cumpre uma função social importante: justificar o medo que os homens têm das mulheres, como sua tirania sobre elas. Afinal, se as deixamos correr soltas, imagina o que pode acontecer? Vagina dentata! Pra cozinha com elas!

Por mais cruéis e monstruosas que sejam, como ler sobre Ayesha (do romance She, de Haggard) ou Cathy Ames (de A Leste do Éden, de Steinbeck) sem nos sentirmos fascinados por mulheres tão incrivelmente poderosas e sensuais?

É o próprio perigo que nos atrai. A tentação de brincar com fogo e, quem sabe, não sair queimado.

A delícia da história é que, cada vez mais, não são apenas os homens que são atraídos ao paradigma da mulher fatal e perversa. As meninas de hoje, também expostas à mesma cultura, não raro percebem (quase sempre pra sua imensa surpresa e estranhamento) que também admiram e invejam as malvadas, que gostariam de sentar em seus tronos e entrar em suas meias arrastão e sentir, nem que apenas na fantasia, o gostinho de ser sexy, poderosa, perversa e egoísta.

Querem provar a delícia de ter um homem aos seus pés, derrotado, humilhado, entregue.

Na Prisão Conformismo, eu digo que a melhor coisa de se mostrar é desencavar seus iguais, deixar que eles também se revelem e venham a você. Pois desde que comecei a falar de minha paixão por malvadas, tenho sido procurado por cada vez mais mulheres (muitas ainda meninas) que também se descobriram com fantasias semelhantes e, muitas delas, confusas, nem sabiam o que fazer com esses desejos esquisitos.

Muitas dessas histórias eu contei aqui, todas com os nomes devidamente trocados.

Luciana, com quem tive longas conversas no MSN, e que deixou florescer um tesão, a princípio tímido, em se imaginar rainha e poderosa; Victoria, com quem vivi um longo e delicioso caso de amor, cuja maldade eu farejei em um simples comentário que fez sobre o meu livro; e até mesmo uma outra correspondente, de apenas 16 anos, que não entendia porque, enquanto suas amigas sonhavam em dar pro Brad Pitt, ela sonhava em humilhá-lo e acabar com sua vida.

Eu converso, com essas e com outras mulheres que não pude citar, e digo que não são malucas - tá, talvez só um pouquinho -, que esses desejos não são nem normais nem anormais, porque não existe tal coisa, mas que não são únicos, que o mais importante é saberem que não estão sozinha, que não faltam homens (e nem mulheres, se quiserem) com desejos completamentares aos seus, e que, pra cada maldade que sonham inflingir, existem pessoas que sonham sofrer.

Nada poderia ser mais óbvio do que dizer que tudo isso começa na infância. Onde mais começaria? Retroativamente, na velhice? E, de vez em quando, eu tenho a honra de encontrar pessoalmente algumas dessas malvadas e, juntos, realizamos nossas mais impublicáveis fantasias. Só posso agradecer a oportunidade de ajudá-las a conhecer melhor seus desejos e de partilhar suas taras.

Esse texto foi postado, originalmente, no blog Liberal, Libertário e Libertino, em Maio, 2005

Alex Castro - Editor do seu Guia de Blog na Internet

Outra Face - Gibis x Vida Real: Os homens preferem as más (mas casam com as boazinhas) (Por Fernanda Cirenza - Marie Claire)

A realidade inspira a ficção quando o assunto é a relação entre homens e mulheres. É só lembrar como as personagens mais sedutoras dos gibis balançam á anos o coração dos heróis. Como na vida real as qualidades físicas das garotas de papel fazem toda a diferença.

Acontece no mesmo jeito no mundo sem fantasia. As criaturas femininas mais sexy dos gibis, aquelas de corpos esculpidos por uniformes colantes, abalam até mesmo os corações dos heróis. Atire a primeira pedra quem nunca nesta vida tentou ser a Mulher Gato, a vilã que desperta desejos em Batman, coisas que só os homens de verdade podem desfrutar e que as mulheres reais adoram provocar. Perto dela, a boa moça Batgirl fica em segundo plano. Pena que nas histórias em quadrinhos, as mulheres mais bacanas são sempre as vilãs.

Em sua tese “Mulher ao quadrado”, Selma Regina Nunes Oliveira, professora de Comunicação da Universidade de Brasília que pesquisou as personagens dos gibis americanos entre 1895 e 1990, diz que as namoradas dos heróis representam o padrão social idealizado: bonitas, bondosas, leais, ingênuas. “A virgindade de mocinha é quase um dogma, e a fragilidade dela valoriza a virilidade do herói.” Já as vilãs são, nas HQs, o desvio das normas sociais: sensuais, traiçoeiras, espertas, atrevidas. Na prática, elas representam a decência e a indecência, ou se preferir, a mulher e a amante.

É só lembrar da astúcia de Satin, a morena gostosa que balança o coração de Spirit, que não larga a namorada certinha, Ellen, que por sua vez, só pensa em se casar com o herói. Ou da primeira heroína cheia de sex-appeal, a hoje só engraçadinha Betty Boop. Apesar do bom coração, ela usava vestidos curtos, salto alto e uma liga nas coxas. No passado, claro, foi censurada.

Muita coisa mudou nos gibis nos últimos tempos. Para Selma Regina, as mulheres fantásticas evoluíram de acordo com a sociedade. Batgirl, que agora se chama Oráculo, vive numa cadeira de rodas desde que foi baleada por Coringa e ajuda Batman por meio da internet; Mulher-Gato está mais sarada; e alguns heróis até casaram, como Fantasma e a linda Diana Palmer, ou Superman e a gatíssima Lois Lane – fato que, anos atrás, era impossível, porque herói que era herói tinha de ser livre para viver suas aventuras.

Até as heroínas dos gibis estão carregadas de sensualidade. Jean Grey, dos quadrinhos de X-Men, além de bonita, jovem e poderosa, derrota os vilões com facilidade, mas não descarta um salvamento masculino quando se mete numa enrascada. Mesmo a nova versão da Mulher-Maravilha ganhou peitos mais fartos e pernas mais musculosas. É o sinal dos tempos, da vida nas academias, do botox e do silicone. Resumindo: a mulher, boa ou má, quer ser linda e provocante. Uma característica nada fictícia.

Para o psiquiatra e psicoterapeuta Auro Lescher, as personagens das HQs, assim como as de lendas e mitos, representam os arquétipos, que são as estruturas básicas da alma humana. “É natural estarmos sintonizados com essas figuras. Seremos mais saudáveis se estivermos disponíveis para essas diferentes características.” Então, não há nada de “errado” em encarnar o papel que for na vida real. A seguir, três histórias verdadeiras de um homem e duas mulheres que vivem um pouco como no mundo dos quadrinhos. Ele se divertia com as “más”, mas se casou com a mocinha. Entre as mulheres, uma é vilã confessa no que diz respeito à estética, mas não assume a falta de caráter das personagens, e a outra se encaixa no estereótipo da boa moça.

O Protagonista Modelo

“Eu nunca descartei a idéia de casar, ter filhos, mas não pensava seriamente nisso. Fui levando a vida e tive sorte com as mulheres. Gostava das extravagantes, sensuais, chamativas. O meu tipo, alto, loiro e de olhos azuis, agrada a mulherada.
Na juventude, usei minha aparência pra conquistar e só me interessava pela aparência das mulheres. As morenas altas e magras eram as minhas prediletas, e os casos mais quentes que tive aconteceram com parceiras mais velhas que eu. Adorava uma trintona.
Cheguei até me apaixonar por uma, a Sandra. Eu tinha 17 anos, estava no primeiro ano de direito, quando a conheci. Ela, 28 anos, médica. Além de independente, tinha experiência sexual suficiente para me deixar maluco. Minha história com ela durou uns dois anos e só terminou porque, como toda mulher, uma hora ela quis casar e casou com um psiquiatra.

Minha primeira namorada séria, dessas que te levam para jantar na casa dos pais, foi Roberta. Ao mesmo tempo que levava o namoro, pulava a cerca. Sexo, pra mim, não tinha nada a ver com vida a dois, amor, essas coisas. É claro que um dia ela descobriu e me deu o fora.

Nessa época fui morar sozinho. Aí a farra foi total e, para variar, não me liguei em ninguém, com exceção de Patrícia. Publicitária, recém-separada e mãe de duas crianças, era totalmente liberada com relação a sexo. Não tinha frescura para nada e me paparicou muito. Tivemos um longo caso, que durou uns três anos. Eu saía com outras, e sabia que ela também tinha outros. Nosso romance acabou quando ela resolveu voltar a sair com o pai dos filhos dela. Dessa vez, fiquei arrasado.

Como ela teve a coragem de me trocar pelo ex?

Enquanto todos os meus amigos casavam e tinham filhos, eu continuava na vida. E como tem mulher dando sopa por aí. Homem sozinho nunca volta para casa de mão abanando, é impressionante. Um dia fui apresentado a Tatiana, durante uma reunião profissional. Eu estava com 40 anos e saquei que ela era bem mais nova.

Como de costume, fiquei paquerando e me excitei várias vezes. Não consegui entender se ela estava gostando ou não das investidas. Fiquei inseguro e no fim da reunião, como quem não quer nada, trocamos os nossos cartões. Três dias depois, telefonei. Comecei a conversa meio em tom profissional, ela riu e, lá pelas tantas, fiz o convite para jantarmos fora. Fui buscá-la na casa dos pais dela. A mãe a acompanhou até o portão, e eu não acreditei. O encontro foi ótimo, apesar da discrição dela. Em nenhum momento, Tatiana, que me contou ter 26 anos, demonstrou qualquer sinal de tesão por mim. Aquilo me intrigou e, quando a noite acabou, não consegui sequer insinuar passarmos a noite juntos.

Fui para casa imaginando mil coisas. Será que ela é virgem? Não, não pode ser. Não existem garotas dessa idade virgens. Será que não gosta de sexo? O que estou fazendo com essa menina?

Na aparência, Tatiana não tem nada de vamp ou independente. Está mais para conservadora, apesar de ter um jeito meio maroto, de garota. Saímos outras vezes e fui descobrindo que ela também não tem nada de extravagante no comportamento. Teve dois namorados. O primeiro, ainda menina, só pegou na mão. Com o segundo, iria casar com ele, mas o cara morreu num acidente de carro.A cada encontro, ficava louco de tesão por ela, sempre meiga, meio tímida.

Aquilo me transtornava e, ao mesmo tempo, tomava o maior cuidado para não ofende-la. Nosso primeiro beijo e nossa primeira transa aconteceram um mês depois. Adorei encaixar nela, pequenininha, delicadinha e até um pouco safada, o que me surpreendeu. Em seis meses nos casamos. Acho que a juventude, a pureza, a ingenuidade de Tatiana me encantaram e continuam me encantando. Ela é uma mulher simples, sem complicações emocionais. Não é do tipo que cobra amor eterno e me dá segurança suficiente para pensar que ela é a mulher da minha vida. Estamos juntos há três anos e temos um filho, João, de 1 ano e 8 meses. Estou tão feliz com a minha família que a única coisa da qual me arrependo é não ter conhecido a Tatiana antes.”

Pedro, 43, advogado

As Histórias de Uma Vamp

“Não quero aparecer alguém sem modéstia, mas sou bonita e minha beleza é uma confiança que tenho. Muitas vezes passei por vilã, porque consigo conquistar com facilidade. Muitas mulheres me odiaram por eu ser assim. Não é algo que eu provoque o tempo todo, mas chamo atenção mesmo sem querer.

Quando eu era jovem, com 17, 18 anos, não me sentia feliz. Mulher bonita é um problema, porque os homens têm medo de chegar perto, e as outras mulheres, inveja, despeito. É quase como levar uma vida meio solitária. Talvez por isso eu tenha casado cedo, aos 22 anos.

Meu primeiro marido, um médico bem-sucedido e dez anos mais velho que eu, me encantou. Namoramos um ano e meio e casamos. Eu achava que ele era o homem da minha vida, estava apaixonada. Os primeiros meses foram mágicos.

Passamos nossa lua-de-mel na Europa e voltei cheia de planos. Queria ser uma boa esposa, uma mulher dedicada. Três meses depois fiquei grávida. Foi uma felicidade imensa para nós dois, mas, e apesar disso, passamos a transar menos e menos.

Quando minha filha nasceu, a coisa desandou de vez. Eu cheia de amor pra dar, com 24 aninhos e um monte de fantasias sexuais, e meu marido nada. A diversão dele era me levar para jantar fora com os amigos. Fiz o que pude para esquentar a relação, até de odalisca me vesti para ele. Mas não adiantou, ele riu de mim, achou tudo aquilo uma bobagem. Eu ficava péssima com isso, porque achava que o problema era comigo, eu é quem não conseguia provocar tesão nele.

De odalisca, passei a encarar o papel da mulher certinha. Também não adiantou. Hoje eu sei que o problema não era meu, era dele, que não gostava de transar. Nosso casamento durou mais um ano assim. E eu percebendo cada vez mais que outros homens me achavam interessante, bonita e atraente. Aí não deu mais, perdi a separação. No início fiquei triste, abalada, mas consegui sair do buraco rapidinho. Tenho uma predisposição à felicidade que é fantástica. Em seis meses comecei a badalar, conhecer gente nova. Passei a assumir o meu jeito de mulher vamp mesmo, que tanto o meu primeiro marido achava ridículo.

Não sou nada tímida e me produzo bem sexy, alem de ser extremamente feminina. Uso muita saia, muito vestido, decote, peças coladas ao corpo e salto alto sempre. No rosto, só batom e rímel, mas meu atual namorado adora quando me pinto mais. Também cuido do corpo e vivo no cabeleireiro.

Fora minha beleza e minha vaidade, sou uma mulher culta. Já viajei meio mundo e falo seis idiomas – português, inglês, francês, espanhol e árabe -, o que também é um problema para muitos homens. Eles se assustam com pessoas, especialmente mulheres, que podem ser mais capazes intelectualmente.

Já fui muito maltratada por causa disso. Tive um namorado que sempre acabava comigo. Um dia chegou a me dizer que jamais teria algo sério comigo. Foi o fim de tudo. O que sinto é que os homens não assumem uma relação quando têm uma mulher muito interessante ao seu lado. Sentem ciúme, raiva e insegurança, porque acham que podem ser trocados a qualquer momento.

Mas quem me trocou por outra foi meu segundo marido, com quem vivi dez anos. Na época, fiquei mal, angustiada, arrasada mesmo. E quis saber dele: ‘Você acha que ela é mais bonita do que eu?’ Ele dizia: ‘Você é mais bonita e inteligente, mas ela tem mais a ver comigo’. Foi assim.

Fiquei triste à beça, mas superei e, com o tempo, fui entendendo certas coisas. Tenho uma amiga que é chefona numa grande empresa. Ela também sofre com os homens, que se sentem diminuídos perto dela. Às vezes, ela mente, diz que é uma profissional qualquer, só para viver suas aventuras. Homem é um bicho muito esquisito.

O meu atual namorado é um homem feio, mas um absurdo de charmoso. É um conquistador nato, genioso. A gente se dá super bem em todos os aspectos: sexualmente, no papo, no dia-a-dia. Está sendo ótimo. Ele também me vê como uma mulher maliciosa, erotizada, picante. E eu adoro isso. Tenho algumas amigas, mas muitas mulheres me vêem como inimiga, sentem raiva de mim.

É como se eu fosse uma ameaça a elas. Se encontro com um amigo com sua companheira, ela logo agarra o braço dele, se pendura nele. Não gosto de parecer uma devoradora de homens, até porque não sou nada disso, jamais entraria numa disputa fútil. Mas é assim que me vêem. Hoje não carrego mais culpa nem tristeza por ser desse jeito, mas já sofri por causa disso.

Há uns anos, uma amiga deixou escapar que só saía comigo porque eu atraía os homens, servia como isca para ela. Fiquei chocada, demorei a entender como tinha levado nossa amizade tanto tempo. Depois, pediu desculpas, falou que não quis dizer o que disse. Mas perdi a confiança, o afeto.

Sou desse jeito, não há o que eu possa fazer para muda-lo até porque agora gosto de ser assim e me sinto envaidecida de ser paquerada, de os homens virarem o pescoço para me ver. Só quero me divertir e, se possível, ao lado de um grande amor como agora.”

Bianca, 38 anos, economista

O Roteiro da Boa Moça

“Eu até gostaria de fazer o gênero mais sexy, mas não levo jeito para a coisa. Já tentei, mas me dei mal, não conseguia ficar no salto alto, ou a alcinha do vestido sempre caía pelo ombro, me deixando completamente sem graça. Nunca me senti à vontade nessas situações.

Desde menina sou assim, fechada, conservadora. Esse meu comportamento não tem nada a ver com a educação que meus ais me deram. Eles até que eram razoavelmente liberais, mas nasci assim. Conheci meu marido quando eu tinha 14 anos. Ele é dez anos mais velho do que eu e me paquerava direto. Nossa, ficava vermelha só de pensar no que aquilo pudesse me levar.

Morria de vergonha dele, dos outros, ficava imaginando o que as pessoas poderiam pensar de mim, uma menina, apaixonada por um homem.

Eu era tão tímida, mas tão tímida, que precisei de um ano para aceita-lo como meu namorado. A gente se casou quando eu tinha 16 anos e, um ano mais tarde, nasceu minha primeira filha. Para o mundo fora de casa, nada mudou em mim, pelo contrário. A maternidade me deixou mais focada nessa coisa de família, de ninho mesmo.

Apesar de ter namorado e casado com o mesmo homem, jamais pensei em conquistar seja lá quem for pelo meu visual, apesar de eu ser uma mulher bem ajeitada. Tenho 32 anos, 1,70m, 55 kg, cabelo e olhos castanhos. Sempre me cuidei, gosto de fazer unha, cabelo, depilação. Mas não consigo usar minissaia. Vestidos, só na altura do joelho. Decote, então, nem se fala.

Gustavo, meu marido, vira-e-mexe me dá um presente mais ousado: uma blusa decotada, um sapato de salto bem alto, um batom vermelho. Mas não consigo sair por aí me expondo. Ele não me cobra uma postura diferente, acho que até gosta do meu recato. Agora, entre quatro paredes, a situação muda. Sou ousada com ele e gosto disso, de poder me soltar na hora H. estamos juntos há 16 anos, é tempo. Nos damos muito bem.

Nunca me achei chata e também não julgo ninguém. Se a mulher quer ser vamp, bom pra ela. Mas não gosto que os outros me critiquem. Não faço o papel da freira, sigo minha vida no estilo mais tradicional. Saio, me divirto, tenho amigos. Não levo uma rotina monástica, mas não aposto em mim mesma como uma mulher extravagante.”

Rita, 32 anos, artista plástica

Por Fernanda Cirenza (Publicada, originalmente, na revista Marie Claire)

Outra Face - Malvadezas de uma Governanta (Toutinegra)

Existia em C.A. u-a mulher muito má... um dia foi chamada a cuidar de uma senhora muito rica ,que estava muito doente... A bela senhora, já não via mais nada,e não entendia o que se passava em sua volta!

Suas fihas sem saberem no que estavam se metendo lhe contrataram para cuidar de sua progenitora. Oh, que lástima, a irmã mais nova ingênua, muito inteligente mas, não sabia nada da vida e sem mal a ver se uniu à malvada para cuidar de sua mãezinha... a irmã mais velha, por ser a preferida de sua velha mãe e, por isso mais sábia das malvadezas do mundo, logo de cara viu no que se meteram!

Por isso abandonou tudo a sua mala sorte... sempre de longe atendendo para nada de mal acontecer à sua maior amiga... Mas no fundo de sua alma, não teme sua inimiga, pois só teme a justiça Divina.

Quem com ferro fere com ferro será ferido.

Texto de Toutinegra, recebido pelo Malvadas via e-mail.

Outra Face - Seriam as Damas Medievais Mulheres Malvadas? (Alex Castro)

(Obs.: Para ver as imagens citadas, acesse o site do autor, citado no final do texto)

Meus leitores fiéis conhecem minha tara por mulheres malvadas. E, lendo o Quixote, uma coisa me chamou atenção: como todo aquele ideal da "distante senhora romântica medieval" é perigosamente próximo ao paradigma da femme fatale, da mulher má que tanto fascina nossa cultura até hoje.

Pra começar, é uma relação platônica e submissa. O cavalheiro já se coloca, desde o começo, totalmente inferiorizado em relação à senhora dona do seu coração.

Não há união possível entre eles. A impressão que temos é que, mesmo se ela oferecesse sexo ou casamento ao cavalheiro, ele teria recuado com horror diante de tamanha corrupção à pureza do seus sentimentos.

Entretanto, apesar da senhora representar um ideal cristão de perfeição, pureza e virgindade, ela também é sempre descrita como cruel e malévola, perversamente submetendo o pobre cavalheiro apaixonado àquela relação tão dolorosa, tão desigual, tão vã, tudo para satisfazer seus malvados caprichos.

As doces inimigas, como são chamadas várias vezes ao longo do livro, parecem se alimentar do amor e dedicação de seus cavalheiros, sem nenhuma intenção de corresponder-lhes o afeto.

Por fim, não era incomum os cavalheiros morrerem por suas damas. Alguns cometiam suicídios desesperados. A maioria, para satisfazer os caprichos de suas senhoras, acaba embarcando em aventuras tão perigosas e suicidas que a morte era quase certa.

E, durante todo esse tempo, fantasiavam que suas senhoras eram más e cruéis e morriam reconfortados no pensamento de que elas ao menos ficariam felizes com suas mortes, felizes de saberem-se capazes de despertar um amor tão forte e profundo que homens bravos e corajosos morriam como moscas por elas.

Dom Quixote que, naturalmente, digeriu e personificou toda essa tradição da perversa senhora medieval, sintetiza o assunto em uma carta para Dulcinéia (I, 25):

Soberana y Alta Señora,

El ferido de punta de ausencia, y el llagado de las telas del corazón, dulcísima Dulcinea del Toboso, te envía la salud que él no tiene. Si tu fermosura me desprecia, si tu valor no es en mi pro, si tus desdenes son en mi afincamiento, maguer que yo sea asaz de sufrido, mal podré sostenerme en esta cuita, que además de ser fuerte es muy duradera. Mi buen escudero Sancho te dará entera relación, oh bella ingrata, amada enemiga mía, del modo que por tu causa quedo: si gustares de acorrerme, tuyo soy; y si no, haz lo que te viniere en gusto, que con acabar mi vida habré satisfecho a tu crueldad y a mi deseo.

Tuyo hasta la muerte, Soberana e alta senhora!

O ferido do gume da ausência, e o chagado nas teias do coração, dulcissima Dulcinéia del Toboso, te envia saudar, que a ele lhe falta. Se a tua formosura me despreza, se o teu valor me não vale, e se os teus desdéns se apuram com a minha firmeza, não obstante ser eu muito sofrido, mal poderei com estes pesares, que, além de muito graves, já vão durando em demasia. O meu bom escudeiro Sancho te dará inteira relação, ó minha bela ingrata, amada inimiga minha, do modo como eu fico por teu respeito. Se te parecer acudir-me, teu sou; e, se não, faze o que mais te aprouver, pois com acabar a minha vida terei satisfeito à tua crueldade e ao meu desejo.

Teu até à morte

Pesquisando na Web, descobri inúmeras menções à essa carta como a mais bela carta de amor da língua espanhola. As pessoas são estranhas. Não posso imaginar uma relação menos sadia do que a descrita nessa carta. Parece mais a carta de um submisso a sua dominadora. Não faria feio no quadro de avisos de um Clube de BDSM.

Aliás, parece ter saído justamente de lá.

* * *

Em diversas ocasiões ao longo do livro, Dom Quixote dá a entender que a Dulcineia dos seus sonhos, a senhora com a qual ele fantasia, é dona de uma deliciosa crueldade (I, 13):

Yo no podré afirmar si la dulce mi enemiga gusta, o no, de que el mundo sepa que yo la sirvo; sólo sé decir, respondiendo a lo que con tanto comedimiento se me pide, que su nombre es Dulcinea; su patria, el Toboso, un lugar de la Mancha; su calidad, por lo menos, ha de ser de princesa, pues es reina y señora mía; su hermosura, sobrehumana, pues en ella se vienen a hacer verdaderos todos los imposibles y quiméricos atributos de belleza que los poetas dan a sus damas.

Não poderei afirmar se a minha doce inimiga gosta, ou não, de que o mundo saiba que eu a sirvo. Só posso dizer, em resposta ao que tão respeitosamente se me pede, que o seu nome é Dulcinéia, sua pátria Toboso, um lugar da Mancha; a sua qualidade há-de ser, pelo menos, Princesa, pois é Rainha e senhora minha; sua formosura sobre-humana, pois nela se realizam todos os impossíveis e quiméricos atributos de formosura, que os poetas dão às suas damas.

Em outro ponto, uma personagem feminina, leitora de romances de cavalaria, fala assim das perversas damas (I, 32):

Hay algunas señoras de aquéllas tan crueles, que las llaman sus caballeros tigres, y leones, y otras mil inmundicias. Y, ¡Jesús!, yo no sé qué gente es aquélla tan desalmada y tan sin conciencia, que por no mirar a un hombre honrado, le dejan que se muera, o que se vuelva loco. Yo no sé para qué es tanto melindre: si lo hacen de honradas, cásense con ellos; que ellos no desean otra cosa.
Tão cruéis são algumas daquelas senhoras, que os seus cavaleiros lhes chamam tigres, leões, e outras mil imundícies. Valha-me Deus! não sei que gente é aquela tão desalmada e falta de consciência, que, por não atenderem a um homem honrado, o deixam morrer ou dar em doido; não sei para que são tantos melindres; se o fazem por honradas, casem-se com eles, que eles não desejam outra coisa.

Por fim, uma nova personagem é introduzida: a ainda mais perversa Casildea de Vandalia, musa do Cavaleiro do Bosque. Ela é assim descrita por seu amado (II, 14):

Mi destino, o, por mejor decir, mi elección, me trujo a enamorar de la sin par Casildea de Vandalia. Llámola sin par porque no le tiene, así en la grandeza del cuerpo como en el extremo del estado y de la hermosura. Esta tal Casildea, pues, que voy contando, pagó mis buenos pensamientos y comedidos deseos con hacerme ocupar, como su madrina a Hércules, en muchos y diversos peligros, prometiéndome al fin de cada uno que en el fin del otro llegaría el de mi esperanza; pero así se han ido eslabonando mis trabajos, que no tienen cuento, ni yo sé cuál ha de ser el último que dé principio al cumplimiento de mis buenos deseos. (...)

Otra vez me mandó que me precipitase y sumiese en la sima de Cabra, peligro inaudito y temeroso y que le trujese particular relación de lo que en aquella escura profundidad se encierra. Detuve el movimiento a la Giralda, pesé los Toros de Guisando, despeñéme en la sima y saqué a luz lo escondido de su abismo, y mis esperanzas, muertas que muertas, y sus mandamientos y desdenes, vivos que vivos. En resolución, últimamente me ha mandado que discurra por todas las provincias de España y haga confesar a todos los andantes caballeros que por ellas vagaren que ella sola es la más aventajada en hermosura de cuantas hoy viven, y que yo soy el más valiente y el más bien enamorado caballero del orbe; en cuya demanda he andado ya la mayor parte de España, y en ella he vencido muchos caballeros que se han atrevido a contradecirme.

Meu destino, ou, para melhor dizer, a minha escolha, me levou a enamorar-me da incomparável Cassildéia de Vandália; chamo-lhe incomparável, porque não há com quem se compare, tanto na grandeza do corpo, como no extremo do estado e da formosura. Esta tal Cassildéia, pois, pagou os meus bons pensamentos e comedidos desejos com o fazer-me correr, como Juno a Hércules, muitos e diversos perigos, prometendo-me no fim de cada ano, que no fim do imediato alcançaria a minha esperança; mas assim se foram ampliando os meus trabalhos, que já não têm conta, e não sei ainda qual será o último que dê princípio ao cumprimento dos meus anelos. (...)

Em seguida, ordenou-me que me precipitasse no abismo de Cabra, perigo inaudito e temeroso! e que lhe levasse relação particular do que se encerra naquela profundidade. Pois bem! Detive o movimento da Giralda, levantei em peso os touros de Guisando, despenhei-me no abismo de Cabra e saquei à luz os seus arcanos, e as minhas esperanças sempre mortas, e os seus desdéns sempre vivos. Enfim, mandou-me ultimamente percorrer todas as províncias de Espanha, para fazer confessar a todos os cavaleiros andantes que ela é a mais avantajada em formosura a todas que hoje vivem, e que eu sou o mais valente e o mais enamorado do orbe, demanda em que tenho andado pela maior parte de Espanha, vencendo muitos cavaleiros que se atreveram a contradizer-me.

Um poeminha, já perto do final, define bem como o ideal romântico da dama medieval está intimamente ligado à sedução da mulher má e egoísta (II, 38):

De la dulce mi enemiga
nace un mal que al alma hiere,
y, por más tormento, quiere
que se sienta y no se diga.

Da minha doce inimiga
nasce a dor que a alma aflige,
e por mais tormento exige
que se sinta e não se diga.

Esse texto foi publicado originalmente, em Maio de 2005 no site: http://liberallibertariolibertino.blogspot.com

Outra Face - Mais Malvadas - Malvadas Que Eu Amo: Cláudia Raia (Alexandre Cruz Almeida)

(OBs.: para ver o texto com as imagens citadas, dê um pulinho no site do autor. O link está no final da postagem)

Eu sei, sou doente, mas vou assistir Abracadabra só por causa de Cláudia Raia.

Ninguém interpreta uma vilã malvada e histriônica como Cláudia Raia. Ela estava deliciosamente má como Mina, em O Beijo do Vampiro e, recentemente, como a perversa Medéia, no Sítio.

Em outras épocas, Cláudia já foi Ângela, a explodidora de shoppings, mas não era a mesma coisa. Ela estava contida, controlada - em suma, uma pessoa normal. E já descobri que Cláudia Raia gosta mesmo é de soltar a franga, rir freneticamente suas gargalhadas diabólicas, e isso ela só pode fazer quando interpreta vilãs de programas ou filmes infantis.

Ou seja, ela vai estar, novamente, enlouquecidamente má em Abracadabra.

Reparem na segunda foto. É impressão minha ou essa é uma pose tradicionalmente das malvadas, sacudir seus dedinhos para nós, com toda a carga de maldade e sensualidade que isso pode ter, como se apenas por balançar aqueles dedinhos sexy ela já estivesse fazendo maldades, acabando conosco, nos enfeitiçando?

E observem sua gargalhada como Medéia. Pode ser uma gargalhada boa, uma gargalhada de uma mulher boazinha que acabou de saber que o Fome Zero bateu suas expectativas?

Acho que não. Para Cláudia Raia, vilã de programa infantil, soltar uma gargalhada livre, leve e solta dessas, é porque alguém se deu muito mal. E ela, malvada, está adorando. Eu também.

Vilãs de Quadrinhos: Forja e Magenta

Ultimamente, os quadrinhos estão apresentando mais vilãs que o normal. Nas páginas da Liga da Justiça, o Flash está há quatro meses enfrentando um grupo de supervilões que inclui duas sensuais malvadas.

Os scans são da Liga da Justiça 12, de novembro de 2003.

Na primeira imagem, Forja, a líder dos vilões, tem o prazer de informar ao seu ex-marido, ajoealhado aos seus pés, que ela irá matá-lo - a ele e ao Flash.

Eu acho especialmente sexy os pedacinhos de pele que ficam a mostra em seu uniforme, incluindo batata da perna e coxas.

Na outra figura, Magenta está abraçando Viga, o supervilão que segura o Flash pelo pescoço. A malvada parece muito excitada de imaginar que o valoroso herói está prestes a morrer nas mãos dos supervilões e pede, em uma voz que só posso imaginar como doce e provocadora, para que ele mate o Flash rapidinho.

Ela parece estar tão feliz e excitada que o Viga teria toda a razão em imaginar que, assim que matar o Flash, ele e Magenta terão uma noite inesquecível.

Até parece. No próximo número, com certeza alguma coisa vai estragar o prazer da bela perversa.

Glauco Cruz

Ilustração de Glauco Cruz para a coluna do Cat, do Caderno de Informática do Globo dessa semana, publicado em 22 de dezembro de 2003.

Esse cara desenha as melhores mulheres de todos os tempos - e os pés mais lindos também.

Reparem bem na cara de êxtase do gato com essa sola do pé tão linda sendo esfregada em sua cara. Quem não gostaria? Não deixem de conferir também esse clube no Yahoo especialmente devotado às suas maravilhosas mulheres.

Malvadas Que Amo: Beverly Lacoco

Beverly Lacoco não é uma vilã recorrente. Ela só aparece na edição brasileira número 5 do Agente X, de novembro de 2003, ainda nas bancas. Mas já foi o suficiente para fazer dela uma das minhas vilãs preferidas.

Junto com seu amante e capacho, O Olho Encapuzado, também chamado de Kenny, ela está saqueando e devastando Delta City.

Ela não tem superpoderes mas o Doutor Orangotango está trabalhando nisso com afinco.

O primeiro quadrinho mostra o momento das boas notícias: o cientista maluco confirma que conseguiu encontrar um jeito de dar superpoderes à malvada. Reparem bem sua felicidade tão sincera e tão expontânea, o modo como ela pula no pescoço do seu Kenny e se diz a mulher mais sortuda do mundo!

No segundo quadrinho, a conseqüência lógica e inevitável. Meu deus, como esses homens são bobos. Será que não sabem (inclusive eu) o preço que se paga por amar as malvadas.

Beverly diz: "E devo tudo a vocês dois. Kenny, você me tornou a garota mais feliz do mundo. E o doutor, bem, o que posso dizer? Você me tornou a garota mais poderosa do mundo."

E completa: "Isso significa que não preciso mais de vocês!"

Ora, é claro que não precisa. Uma boa mulher malvada não precisa de ninguém. Ela não tem amigos nem cúmplices.

Só capachos e capangas, que ela usa e joga fora. Isso é tão óbvio que elas, coitadinhas, nem mesmo entendem como os homens podem ser tão bobos e se apaixonar por elas mesmo assim. Não aprendem!

Vocês podem pensar que a alegria dela no primeiro quadrinho foi fingida. Tsc tsc. Prova de que não entendem as malvadas.

Não, meus amigos. Naquela momento, ela estava sinceramente alegre e agradecida ao Kenny, justamente por ele ter lhe proporcionado os meios de ser ainda mais malvada e independente, de não precisar de mais ninguém, em especial dele, de quem ela já devia estar pensando em descartar enquanto pulava em seu pescoço.

É assim que as mulheres pensam, as vilãs, mais ainda.

Malvadas: Roleta

Roleta também é uma das novas vilãs que estão surgindo por aqui. Esses scans são de Liga da Justiça 12, novembro de 2003, ainda nas bancas.

Roleta é dona de uma casa de lutas e apostas. Basicamente, duas vezes lutam até a morte, o povo aposta e a casa, ou seja, Roleta, sempre ganha. Claro que alguém morre, mas nossa bela vilã não se importa nem um pouco com isso.

Em geral, os participantes são meta-humanos pé-rapados mas, dessa vez, Roleta conseguiu capturar dois membros da Sociedade da Justiça para seus jogos mortais.

Na primeira figura, ela está conversando com seu prisioneiro, Sr.Incrível. Nada mais sexy do que o momento em que a vilã se gaba e goza de seu poder conversando com os cativos. Vejam como ela flerta com ela, passa as mãos em seu peito e rosto e acaba até dizendo: "Espero algo nada menos que espetacular."

Depois, duas belas visões de Roleta: de costas, meio de lado, mostrando belas pernas tatuadas e pés calçando sandálias de salto alto e, também, uma deliciosa visão de baixo pra cima.

A terceira figura mostra mais uma bela visão de seu corpo, a medida em que explica o jogo aos participantes.

Então, pra finalizar, ela baixa os óculos, dá o seu olhar mais sensual, sorri diabolicamente e tem, aparentemente, um enorme prazer em informar aos jogadores que o perdedor morrerá. A maldade aqui é que, ao mesmo tempo, ela parece adorar dizer isso e, por outro, ela põe o corpo fora: não sou eu quem vai matar ninguém, vocês é que vão jogar, eu vou só assistir...

Não sou boazinha?

Alexandre Cruz Almeida

Esse texto foi publicado originalmente, em Dezembro de 2003 no site: http://www.sobresites.com/alexandrecruzalmeida

Outra Face - Elogio às Malvadas (Por Alexandre Cruz Almeida)

(Obs.: para ver as fotos de cada uma das malvadas, acesse o site do autor, o link está no final do texto.)

Eu confesso: amo as mulheres más. Desde pequenininho. Eu me apaixonava pela Madrasta Má e pela Mulher-Gato. A Bat-Moça, que todos meus amigos amavam? Eu achava super sem-graça. She-ra e Teela? Meu tesão eram Maligna e Felina.

Me lembro (puxada do fundo do baú) de perguntar pra minha mãe porque eu sempre ficava com vontade de ir ao banheiro quando via a Mulher-Gato. Sério. Nessas palavras. É que eu associava meu cotoquinho duro com vontade de mijar.

Achava que era um modo do meu corpo me avisar que eu precisava tirar uma água do joelho.

Mas por que, raios, sempre na hora do seriado do Batman e justo quando aparecia aquele (literalmente) mulherão-gato de quase dois metros de altura?

Amo femme fatales, mulheres poderosas e perversas, vilãs sádicas e sarcásticas.
De vez em quando leio blogs de meninas dark, que se dizem bad girls, e já fico mezzo-interessado, mezzo-cético. Será que são mesmo? Meninas podem ser incrivelmente perversas. Mas, como descobri a duras penas na adolescência, as meninas dark e misteriosas raramente são sensuais e malvadas, quase sempre apenas revoltadas, complexadas e complicadas.

Além disso, o termo "bad girl" foi deturpado. Hoje em dia, heroínas como Lara Croft e Witchblade são rotuladas de bad girls só porque são fortes e decididas. É verdade. Uma mulher forte e decidida é uma delícia. Mas elas não são más. São heroínas, boazinhas, querem salvar o mundo. Essas não me interessam.
Amo Hera Venenosa, sempre tramando exterminar a raça humana e substituí-la por plantas. Não pensa nas criancinhas do mundo, não quer saber de nada, só da satisfação dos seus objetivos.
Tem um plano e vai em frente. Adoro também seus beijos venenosos: ela domina a vontade dos homens e os transforma em escravos, somente para depois descartá-los.

Na imagem, depois de escravizar Robin, ela faz com que ele massageie seus pés.

Logo depois, tenta matá-lo, mas infelizmente não consegue.

As vilãs são egos sem super-egos. Nada mais sexy do que uma mulher linda, inteligente e poderosa que sabe que é linda, inteligente e poderosa. Ela não liga para mais ninguém. A felicidade dos outros, até mesmo suas vidas, tudo irrelevante. Homens? Ferramentas, pra ser usados e jogados fora. Só quer saber mesmo dos seus planos, do seu prazer, da sua felicidade.
E eu, que sou pedólatra assumido, amo os belos pés das mais malvadas vilãs. Adoro aqueles filmes de época, com rainhas parcamente vestidas, cercadas de escravos plácidos, tomando reinos, conquistando países, executando sumariamente seus inimigos.

E me vejo aos pés da perversa, lambendo seus dedinhos enquanto ela conquista o mundo. Ou seu escravo sexual, para uma noite de ardente prazer e, depois, aos leões.

Nada disso é real, claro. Nada disso poderia ser real. A vilã dos meus sonhos é um monstro sem limites da qual eu só quero distância.Mas continuo sonhando com ela, pois não temos controle sobre os sonhos.

Não há jeito: minhas mais profundas e antigas fantasias sexuais sempre incluem vilãs perversas, rainhas malvadas, mulheres assassinas e diabólicas.
Não tenho vocação pra vítima. Sou mais para cúmplice cínico e descartável. Mas, quase sempre, com vilãs de verdade, o cúmplice cheio de tesão acaba vítima.

Não tem jeito. Quem mexe com fogo, é pra se queimar. Como se envolver com mulheres perversas e não acabar queimado? Alexandre, ela diz, com sua voz aveludada e doce, acho que não preciso mais de você... E pronto, já era eu.

Quanto mais perversa, egocêntrica e psicopata, mais eu me excito. Essa é a minha doença.
Uma das últimas grandes vilãs do cinema foi a Xenia Onatopp, interpretada por Famke Jannsen, em 007 Goldeneye (1995). Quem lembra? Ela matava os homens esmagando-os entre suas coxas - e sentia prazer sexual nisso. Na melhor cena, ela está em um trem, com o vilão-mor, e vê Bond vindo em sua direção com um carro, e ela diz, com um sorriso totalmente psicótico: "Ele vai nos descarrilhar!" É difícil descrever a cena. O que chama a atenção é que ela é tão psicopata, tão louca que mesmo o herói descarrilhar o trem onde ela está é uma fonte de prazer, só pelo caos que isso vai causar. Tesão. Olhem o seu lábio mordido na foto abaixo, de puro prazer de matar.

O que define uma pessoa malvada?

Afinal, o que é bom pra um é mau para outro. Todos nós fazemos pequenas crueldades no dia-a-dia. Coisas que não pensamos que são maldades, mas que são vistas como tal.

A malvada é a pessoa que pratica essas pequenas maldades conscientemente, sabendo e pensando que são maldades, e por puro prazer. Como a Clarice, por exemplo.

A História de Clarice

Ao lado, uma das minhas cenas preferidas: o, digamos, rompimento entre o Superboy e a Nocaute, uma vilã com quem ele saiu por algum tempo.

Ele começa jogando na cara dela todas as maldades que ela fez, e ela responde: “Acorda! Eu sou má. Sempre fui má. Você me quer porque eu sou má.

Então, por que fica surpreso quando faço maldades? O que nós tivemos não foi amor, cachorrinho, foi diversão, mas a diversão acabou. Que pena. Acho que nunca mais vou encontrar um cachorrinho tão bom...”
A Nocaute, como boa vilã, entende bem do que está falando. É fatal se apaixonar pelas malvadas. Podemos nos divertir, transar, morrer de tesão, ficar fascinados, até ter curiosidade antropológica, mas amor, não. Eu já me envolvi com muitas mulheres erradas e erradíssimas, e consegui escapar inteiro. Me segurei, não me apaixonei.

Clarice era uma menina bem malvada. Ela gostava de ser cruel, sacanear os outros, inventar histórias, torturar os homens. Vamos ser honestos: são todas coisas relativamente normais, que todo mundo faz. Eu a considero uma pessoa cruel pois fazia tudo isso conscientemente, tinha um prazer concreto nas pequenas crueldades do dia-a-dia e ficava muito excitada de ver que eu me excitava por isso, e eu ficava excitado de ver como ela se excitava de ver que eu me excitava e ela, enfim, eu tinha 19 e ela 17, vocês sabem onde isso vai acabar.

Eu nunca me apaixonei por ela, mas ela teve uma paixonite por mim, da qual se curou rápido. Depois do caso, passamos a ser bons amigos e cúmplices. Sim, cúmplices, pois eu estimulava ao máximo esse seu lado cruel. Ela me mostrava as cartas que outros homens lhe mandavam (é, na era mesozóica ainda não havia e-mail), contava das torturas que infligia. Coisas bobas, mas perversas e prazerosas.

Dava o máximo de bola pra um cara inexperiente que estava meio apaixonado por ela e marcava de sair com ele no dia seguinte. Aí, viajava por seis meses.

Ela me contou isso às mil gargalhadas e ainda me escrevia da viagem, fazia questão de saber como ele estava. Coitadinho, inocente e apaixonado, ficou mal, mal de verdade. A graça era justamente essa: quanto mais fudido, maior era o prazer dela. Pra mim, nada pode ser mais sexy do que isso. Era assim que seu cérebro funcionava: vou viajar seis meses, como é que eu posso fazer pra unir isso a alguma sacanagem?

Não duvido que ela deve ter tentado me sacanear, mas eu estava meio fora do alcance dela: cínico, indiferente e não-apaixonado. O máximo que podia fazer contra mim era espalhar histórias ou, pior, espalhar verdades, mas sabia que nunca me importei com a minha reputação. Eu me masturbava ao telefone ouvindo essas histórias e, algumas vezes, ela achava que isso era lindo, outras, nojento, mas, no fundo, adorava saber que eu a entendia e que, ainda por cima, isso me excitava.

Hoje, está mais velha e mais madura. Não acredito que perdeu o gosto pela maldade, mas deve estar em um outro nível, já não divide essas coisas comigo. É uma pena.

Em suma, amei a malvada, fui seu cúmplice e não me queimei. Foi perfeito.

Aliás, só não foi perfeito (ou talvez foi perfeito justo por isso) porque ela não deixava eu beijar seus pés.

Não adiantava eu argumentar que fazer um homem lamber seus pés era algo super malvado.

Ela sabia que eu queria muito e tinha prazer físico em não me dar. Era sua única maldade comigo.

Engraçado. Todas as mulheres com quem já tive algum relacionamento tinham um quê de malvada. A maioria, só na fantasia. Eram fetichistas, sabiam que eu era pedólatra, gostavam de fantasiar, interpretar papéis. A Paula, por exemplo, tinha o maior prazer em se imaginar Cleópatra, me obrigar a lamber seus pés e me jogar aos crocodilos depois do sexo – e eu achava isso super sexy. Mas não eram mulheres cruéis.

Clarice foi a única mulher realmente cruel que conheci, mas também a mais baunilha, a mais feijão-com-arroz. Não tinha fetiches nem taras, nem gostava de fantasias.

Era autêntica.

Negra Malvada

A última vilã pela qual me apaixonei foi a feiticeira Karaba, do desenho "Kirikou e a Feiticeira" (França, 1998). Pra quem não conhece, é um desenho animado longa-metragem todo passado no interior da África, em época não definida, sem nenhuma participação de brancos.

A história é simples: uma aldeia está sendo assolada e escravizada por uma terrível (e bela, e sexy) feiticeira, Karaba.

Uma das crianças da aldeia, Kirikou, resolve encontrar a feiticeira e resolver só uma dúvida: por que ela é tão malvada? E pronto, aí está o filme.

Vi esse filme no começo de julho, quando estava escrevendo a Prisão Preconceito e imerso em cultura e raça negra. E foi muito apropriado que passei aquela semana totalmente atarantado, fascinado e cheio de tesão pela bela e perversa feiticeira negra Karaba.

Reparem no visual da feiticeira. Pra começar, ela é cheia de bijuterias e badulaques, algo que eu amo. Deve ter sido dificílima de animar pois, a cada movimento, diversos brincos, colares e pingentes balançam de cá pra lá. Da cintura pra cima, ela está praticamente nua, exceto por jóias.

Reparem, que delícia, o círculo de jóias ao redor dos seus bicos do peito. O contraste do negro com dourado fica ainda mais pronunciado em comparação à sua saia multicolorida. Lá embaixo, claro, seus pés estão descalços.

Os homens que foram lutar contra Karaba nunca mais voltaram. Na aldeia, sobraram só as mulheres e, mesmo assim, malvada e vaidosa, Karaba envia seus asseclas para irem à aldeia e tomarem até mesmo as últimas jóias que as mulheres tinham escondido no chão das casas.

Convenhamos, meninas: as jóias ficam muito mais bonitas em Karaba.

Quando Kirikou, somente uma criança, começa a se aproximar demais, Karaba ordena que ele seja morto. Ela não quer saber se é criança ou não, isso pra ela não faz diferença.

Está atrapalhando seus planos, que acabem com ele. E eu de pau duro.

Por fim, como Kirikou é muito esperto, nada dá certo e, num momento de fúria muito sensual, a feiticeira decide que ela mesma vai acabar com o garoto metido.

Depois de muito filme, Kirikou acaba se entendendo com a feiticeira e a pede em casamento.

Ela ri, até gostaria, pois aprendeu a respeitá-lo, mas ele é uma criança.

Ele implora então somente um beijo e ela aceita. Através da mágica dos desenhos animados, ele cresce, vira um homem grande e bonito e desposa Karaba, a feiticeira perversa que, até ontem, assolava vilas, destruía guerreiros, roubava jóias de pobres mulheres e, last but not least, tentava até matá-lo.

Puxa, fiquei pensando: o cara que fez o filme teve as mesmas fantasias que eu quando era moleque. Ou será que fui o único menino que sonhava em crescer em um estalo para poder casar com aquelas mulheronas que amávamos?

O único lado ruim é que a feiticeira fica boazinha.

Por mim, ela iria pilhar e dominar outras paragens, comigo sempre ao seu lado, cheio de tesão de vê-la conquistando, escravizando e torturando.

Negras e Malvadas

Li no jornal outro dia que uma atriz negra será protagonista de uma das próximas novelas da Globo e como isso era uma grande conquista blá blá blá. Que esse negócio de primeiro negro na Suprema Corte, primeira negra mocinha de novela, etc, é racismo enrustido, isso eu já disse na Prisão Preconceito.

Mas sabem quando eu vou saber mesmo que o preconceito, se não acabou, está nas últimas? Quando eu vir grandes vilões negros. Até nos Estados Unidos, os negros já são heróis mas raramente vilões.

No Brasil, o medo é tanto que se um dramaturgo colocar um negro de vilão, vai todo mundo cair de pau.Pior vai ser quando o herói branco for xingá-lo: vão invocar até a Lei Afonso Arinos em defesa do facínora.

Ele só chamou o vilão de cachorro porque ele é negro! Vamos queimar a Globo! E o autor argumenta: mas se o vilão fosse branco, ele também chamaria o vilão de cachorro! Aliás, o xingamento mais associado aos negros é macaco e... Porrada no autor: você também! Você também! Viu? Viu? Enfim...

Sonho com o dia em que ligar a televisão e ver Thalma de Freitas, minha musa, interpretando uma mulher absolutamente perversa e sem escrúpulos, fazendo os homens de gato e sapato e se aproveitando de todos.

E os outros personagens vão poder xingá-la de negra malvada ou cachorra ou megera sem medo de processos judiciais e ela vai rir na cara deles e continuar fazendo crueldades até o fim da novela.

Ai, ai.

Outras Malvadas

Pra encerrar esse assunto tão gostoso, fiz um pout-pourri das melhores malvadas da ficção.

Outro dia, tinha a tarde livre e desfrutei de uma dose dupla de vilãs no cinema. Demi Moore não valeu a pena As Panteras, mas a Eris, a perversa deusa do caos acima, foi a melhor coisa do novo filme do Sinbad.

Como bom pedólatra que sou, amo especialmente as vilãs que usam seus pés para humilhar ainda mais o herói. Por exemplo, reparem nos balões das imagens abaixo, eles são os melhores.

O Super-Homem é campeão de ser humilhado por belas vilãs. Essas duas imagens estão entre as minhas preferidas de todos os tempos, não só pelo desenho, mas pelo texto e pela pedolatria explícita.

Na primeira, a vilã Safira Estrela está dizendo: "Eu ordeno que beije minha bota, Super-Homem! Deixe o mundo inteiro ver que você virou meu escravo!"

Na segunda, a vilã está dizendo: “Não brinque comigo, cachorro! Pro chão! Pro chão! De joelhos diante de sua senhora! Por ter tentado me enganar, você vai rastejar aos meus pés! Eu vou rasgar sua alma em pedaços... até que você implore pela morte!” É ou não é uma pessoa maravilhosa? Quem não gostaria de apresentar uma namorada dessas pra mãe?

Pra encerrar esse assunto tão gostoso, fiz um pout-pourri de algumas das melhores malvadas da ficção.

Tetra, uma vilã menor das histórias do Conan, também gostava de fazer seus asseclas adorarem suas botas enquanto sonhava o que fazer com Conan quando o pegasse.

Melhor do que fazer os heróis adorarem seus sapatos, eu amo as vilãs que, além de extremamente más, ainda andam descalças por aí.

Uma das melhores é a Abelha-Rainha, da Liga da Justiça. Na belíssima pose abaixo, com os pés pra cima, ela está lamentando que um lacaio que ameaçou de morte caso não fizesse alguma tarefa de fato conseguiu fazer a tarefa. Raios!"Parece que o Dr.Fillmore vai ver outro nascer-do-sol.

É uma pena. Eu adoro uma boa execução!" Eu quase posso ouvir sua voz dizendo isso, misto de enfado e sexy crueldade.

Outra clássica é a Dra. Cyber, inimiga da Mulher-Maravilha na década de 60. Aqui, ela está mostrando sua fortaleza do mal a Steve Trevor e está sendo bem sincera: primeiro eles vão jantar juntos, civilizadamente, e depois ela vai matá-lo.

Não só ela vai acabar com ele, isso é óbvio, como não?, mas ela quer que ele saiba disso, e tem prazer em comentar o assunto de forma leve, como se não fosse nada demais.

E, claro, pra ela, não é nada demais. Essa é uma das coisas mais sensuais que as vilãs gostam de fazer, jogar casualmente no ar os destinos que terão suas vítimas e ficar só degustando os resultados, o medo, a ansiedade.

Reparem como a doutora está à vontade em sua fortaleza do mal, descalça e tudo, vestindo só um saronguezinho.

Eu não consigo deixar de pensar como o chão, aparentemente metálico, deve estar geladinho e gostosinho nas solas da Dra. Cyber.

Será por isso que ela anda descalça?

Essa pose é particularmente sexy, eu amo sarongues, adoro ver pernas aparecendo assim furtivamente e o detalhe da tornozeleira de pérolas mostra que alguém era muito fetichista naquela editora.

Uma das minhas favoritas.

Lullaby hipnotizava homens para fazerem suas vontades e depois mandava que cometessem suicídio. Essa é uma característica comum de todas as vilãs que usam algum tipo de poder (mágico, hipnótico, sensual) para controlar as mentes e vontades dos homens.

O que acho especialmente sexy, claro, é que como elas controlam as mentes dos homens, poderiam mandar que esquecessem tudo, mas isso não seria nem um pouco divertido. Legal é ver alguém se matando por um capricho delas.

No meio tempo, gostava de se cercar de belos rapazes e fazer com que eles massageassem e beijassem seus pés. Ela nem precisaria me pedir duas vezes.

Circe e Morgana Le Fey são algumas das mais perversas vilãs da DC (e do inconsciente humano) e estão sempre descalças. Infelizmente, nunca fizeram ninguém beijar ou lamber seus pés: não sabem o que estão perdendo.

Uma coisa particularmente boa dessa dupla é que elas estão sempre a disposição de qualquer escritor sem imaginação que precise de uma bruxa malvada em sua história e, por isso, vivem aparecendo em por aí.

Outro dia, Luana Piovani estava aprontando no Sítio como Morgana Le Fey. Ela ser bonita é o de menos: moro no Rio, mulher bonita a gente espanta com um pedaço de pau.

Fico impressionado é com o seu carisma e sensualidade. Como malvada, então, é covardia. Obviamente, acabou derrotada pela Emília.

Ê bonequinha intrometida.

Muitas vezes, as vilãs, além de diabólicas e perversas, ainda tem poderes mágicos e uma imaginação cruel. E eu confesso que uma das minhas fantasias é ser encolhido por uma dessas vilãs malvadas, para fins inenarráveis.

Desde ser enfiado em lugares íntimos (como no último filme do Almodóvar) até ser forçado a beijar e lamber os seus agora enormes pés.

Por fim, como as vilãs cansam fácil, ela me colocaria no chão e me pisaria como se eu fosse uma baratinha. É a união de duas fantasias: a mulher absolutamente perversa usando seus pés para fazer maldades. O que vocês acham?

Outro que tem fetiche na veia é o Glauco Cruz, ilustrador de O Globo. Toda segunda-feira eu abro ansioso o Caderno de Informática do Globo para ver suas sempre absurdamente belas mulheres. Como é que deixam esse homem publicar essas coisas em um jornal de família? Eu juro que fico perplexo, mas estou achando ótimo. Essa imagem ao lado é das minhas preferidas. Recomendo esse clube no Yahoo, onde algumas de suas melhores ilustrações podem ser encontradas.

Por fim, eu sempre achei o Spy vs Spy da Revista Mad um saco, mas adorava quando aparecia a Dama de Cinza. Era perfeito: os dois spys bobões eram apaixonados por ela e ela não tinha pena nenhuma, usava aquele amor deles para melhor acabar com eles.

Nessa cena, ela aparece deitada com os dedinhos dos pés enroscados numa rede. Como bom pedólatra, também amo ver pezinhos assim, em movimento, os dedinhos fazendo alguma coisa.

Não conto essas coisas à toa. Não tenho prazer em chocar nem em me mostrar. Mas tenho prazer em desentocar iguais. Não me interessa quem vai achar isso tudo um absurdo.

Quero saber que outros homens sentem coisas assim. Quero saber suas histórias de vida. Já tentaram realizar isso? Já se queimaram ao lidar com as mulheres perversas da vida.

Mais do que tudo, quero também conhecer as mulheres. Você tem prazer em ser, ou em se imaginar, má, perversa, poderosa? Como é isso? Tem vergonha desses impulsos? Às vezes cede a eles? Já realizou isso com algum homem?

Me escrevam, vamos conversar. É assim que a gente se conhece, se entende, se realiza.

Esse texto foi publicado originalmente, em Agosto de 2003 no site: http://www.sobresites.com/alexandrecruzalmeida Quer ver como é o texto com as fotos de cada uma dessas malvadas? Dê uma passadinha por lá.

Novidades no Blog

Com dinheiro curto e muito assunto para incluir no site, resolvemos transferir para o blog algumas das sessões do Malvadas. Estarão aqui, agora, as notícias e o "Outra Face". Os links para o acesso a essas postagens continuaram por lá. Mas, a notícia a matéria, em si, também poderá ser acessado por aqui. Obviamente, como é muita coisa, o material será inserido aos poucos. Por favor, muita calma nessa hora. Eu sou uma só. Mas chego lá!
Thanks!!!

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Amor Endiabrado


A gente anda tão relapsa, postando tão pouco, atualizando tão pouco. Tenho trabalhando muuuuuuuuuuuuito para tentar mudar isso. Mas ainda vão alguns meses até conseguir me organizar nesse ritmo lerdo que ando. hehehehe
Mesmo assim, nos últimos recebemos dois e-mails (gigantes diga-se de passagem) de duas leitoras pedindo conselhos. Ok... a gente não é lá tão boa conselheira. Nem passamos a mão na cabeça de ninguém. Quem pede conselho tem que arcar com a resposta que vai receber. E gente sempre opta pela sinceridade.
Por isso, queria agradecer muito, mas muito mesmo a essas duas garotas. Mais que agradá-las, porque não é a nossa praia, esperamos ajudá-las.
E fica aí a dica: quem quiser, pode nos escrever a vontade. Pra enviar histórias, para sugerir alguma personagem, para pedir conselhos. :)