terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Encantadora de Serpentes - Nico

Nascida Christa Päffgen, Nico causa confusão até na hora de definirmos seu local e data de nascimento. Até hoje ninguém sabe ao certo se ela veio ao mundo em 16/10/1938 em Köln ou em 15/03/1943 em Budapest. O certo, é que cresceu na Alemanha dominada pelo nazismo (que levou seu pai, morto num campo de concentração).

Aos 13 anos largou a escola e saiu de casa para vender lingerie de porta em porta. Foi encontrada por sua mãe tempos depois, numa loja onde trabalhava como manequim. Mudou-se para Ibiza e nessa época foi apelidada Nico, por um fotógrafo de moda.

Numa boate, conheceu Frederico Fellini que a convidou para fazer uma ponta em seu filme "A Doce Vida", que se tornaria um clássico. Esse fato marcou sua carreira e ela foi contratada por uma grande agência de modelos francesa. Mudou-se para Paris e tornou-se figura fácil nas capas das revistas e comerciais de TV.

Outra mudança, em 1960. Dessa vez para Nova Iorque. Nico estava disposta a seguir, também, a carreira de atriz. Numa festa, entretanto, conhece Brian Jones, que fica impressionado com sua voz sexy e sombria e a convence a cantar. Seu primeiro compacto, I'm not Saying, foi produzido por ninguém menos que Jimmy Page (então um ilustre desconhecido).

Cantando em boates de segunda categoria ela começou a conquistar seu espaço e tornar-se conhecida no mundo da música.

De volta a Paris, Nico é apresentada a Bob Dylan, que compõe para ela a belíssima canção I'll Keep It Mine, gravada em seu disco de estréia "Chelsea Girl".

Ao lado de Bob Dylan, novamente a "loira misteriosa e sexy" vai para Nova Iorque, onde é apresentada a Andy Warhol que, por sua vez, a apresenta aos seus pupilos do Velvet Underground. Tem, então, início a conturbada parceria entre a "femme fatale" e Lou Reed.

Para ela, Lou compôs clássicos como "Femme Fatale", "All Tomorrow Parties" e "I'll Be Your Mirror", perfeitas para sua voz misteriosa, sexy e melancólica.

A pareceria que parecia perfeita, entretanto, não durou muito. A permanência de Nico na banda foi abreviada por inúmeras confusões.

A cantora começou a criar problemas, recusava-se a cantar, chegava atrasada e, ao mesmo tempo, sua beleza a estava transformando numa estrela. Tinha início, então, uma guerra de egos. Lou começou a achar que o destaque dado a Nico ofuscaria o resto da banda. Ela, por sua vez, não se importava nem um pouco com a opinião dos outros integrantes ou para o que queriam.

Fora do Velvet, Nico dá início a sua carreira solo e lança três álbuns: "Chelsea Girl", "Drama Of Exile" e "Camera Obscura" que marcaram época e conquistaram seu espaço nos anais do rock.

Mas, não foi só na música que Nico causou impacto. Nem o álcool e as drogas conseguiram apagar o brilho de sua beleza. Seu corpo escultural, os olhos verdes e o cabelo loiro deixavam de quatro os homens que cruzavam o seu caminho.

Dizem que meio mundo era apaixonado por ela, de Jim Morrison a Lou Reed, passando por Iggy Pop e Alain Delon (com quem teve um filho).

Ainda assim, Nico morreu sozinha, em 1988. Decidida a mudar de vida, havia voltado para Ibiza e se livrado das drogas. Foi encontrada morta devido a uma hemorragia cerebral durante um passeio de bicicleta.

Uma fatalidade acabou com a vida de um dos mais desconcertantes vocais femininos do rock.

Por ter feito tudo aquilo que quis, sem se importar com a opinião alheia ou com os "sinceros sentimentos" de ninguém, essa "roqueira fatal" mereceu destaque também por aqui. E se você saber exatamente do que ela era capaz, ouça um de seus discos solos ou com o Velvet Underground. Impossível ficar indiferente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário